sábado, 10 de julho de 2010

Sobre influência, poder e controle…


Procurei escrever sobre o tema dividindo-o em três partes. Na primeira parte procuro focar o tema sob a perspectiva, digamos, do lado humano da coisa, ou seja, influência enquanto exercício e ainda algumas questões que passam por poder e controle. Na segunda parte procuro escrever um pouco sobre o tema inserido em um contexto de trabalho nas organizações e por fim uma conclusão sobre a força motriz que é a influência e sua decorrência.

O exercício da influência.
Quem exerce influência exerce poder e controle?
Quem exerce influência quer ter o poder e controle?

São perguntas com respostas de um milhão de dólares que acabam invariavelmente tendo como resposta o famoso “depende”. Embora as perguntas sejam simples, diretas e fechadas, as respostas talvez não sejam desta forma, pois cada caso e cenário merecem uma análise mais profunda e responsável.

Influência é a capacidade de levar alguém ou um grupo a agir de acordo com o que se deseja, através de ações diversas.

Interessante esta afirmação, portanto concluímos que influência é algo que se exerce, algo que pode ser usado em algum momento e não algo necessariamente nato, ou mesmo inocente, mas será mesmo?
Novamente uma questão que nos remete a pensamentos vários e que não possui respostas simples, Mas no contexto deste momento o que temos que saber e entender é que a influência existe, é praticada continuamente, todo ser humano pode praticá-la e utilizá-la de acordo com seus interesses próprios ou mesmo interesses coletivos, seja para coisas boas e não tão boas. A influência a meu ver leva sim ao poder e controle, são decorrentes dentro de uma relação causa/efeito, mesmo que a pessoa que a pratica não perceba ou entenda isto de forma clara e sua responsabilidade nisto.

Mas como exercer, praticar influência?

De várias formas, mas também depende de como o outro lado recebe e percebe a influência, é um jogo duplo de saída e entrada, estímulo e resposta, passando por meios de reciprocidade, portanto que valerá para ambos os lados, por falta de opção, quando não há outra escolha ou alternativa, por autoridade, numa relação de superior e de subordinado, por afinidade, gostos e credos semelhantes, e consenso, aquilo que faz sentido para todos.
Influenciadores e influenciados são estados de comportamentos inerentes da natureza humana, os papéis alternam-se, mesmo os influenciadores em determinados contextos são também influenciados, pelos mesmos motivadores e formas quando exercem sua influência.

O exercício da influência nos ambientes organizacionais:
Oras, considerando que influência é algo inerente a natureza humana e que ainda segue formas e modelos praticados por pessoas, passando por reciprocidade, autoridade, consenso e afinidade, isto em um ambiente corporativo é praticado diariamente, várias vezes, sem parar, caso contrário que outro significado teriam as reuniões de trabalho e mesmo com os clientes? Influência pura: Conduzir, convencer, persuadir a fim de obter e atingir resultados de interesse de uma das partes, ou mesmo a todos, na famosa relação ganha-ganha.

Outra coisa bastante interessante que verificamos dentro de grandes organizações, principalmente em uma estrutura matricial é que o controle e poder dado por direito ou autoridade constituída, tem menor esfera na condução e decisões sobre a massa de colaboradores, quando comparado com o poder de influência, que não é constituído por decreto ou regra:





Círculo de controle:
Círculo bem pequeno quando comparado aos demais, está relacionado a tudo aquilo que depende exclusivamente do ator (gerente/líder) em termos de decisão, como por exemplo: decisão de qual profissional contratar para sua equipe.

Círculo de influência direta:
Círculo de boa amplitude em geral exercida em colegiados, reuniões entre pares, como por exemplo: Reunião de “calibration” para indicação de profissionais que devem ser promovidos.

Círculo de influência indireta:
Círculo de tamanho considerável por onde passam parte das decisões organizacionais mais estratégica, pode se dar, por exemplo: Através de pesquisas de opinião.

Fora de controle ou influência:
O nome já diz tudo, como por exemplo: Leis trabalhistas, taxas, impostos, estatutos.

Os exemplos citados sobre cada círculo podem variar de organização para organização, o importante aqui é a essência do modelo, pois se aplica a qualquer organização e que um gerente/líder deve ter noção de cada esfera, a fim de melhor conduzir seu time, de acordo com a necessidade, propósitos e metas, bem como em que instante e por qual estrutura ele próprio está sendo influenciado e conduzido.

Conclusão:
O exercíciso da influência enquanto motor da sociedade e poderoso instrumento de poder e controle.

Arrisco-me a concluir que a influência é uma força motriz da sociedade em qualquer esfera, ou pelo menos naquelas em que o ser humano está inserido, seja no contexto familiar, de amizades, de trabalho, escola, político, governamental e por aí vai. Também me arrisco a concluir que o exercício da influência pode ser feito por qualquer um, não é algo nato, mas considerando as esferas de atuação, todos podem exercê-la, talvez em maiores ou menores escalas, mas definitivamente exercê-la, pois como verbo, significa ação e então se pode aprender.

Muitos acontecimentos mundiais e atitudes não foram determinados somente por decreto, leis ou regras, mas através de influência de líderes e personagens com a capacidade de aplicar sua influência, através de discursos, exemplos de conduta, opiniões e autoridade para aquilo que se acreditava ser importante, para si próprio (do influenciador) ou para um determinado coletivo.

Alguns exemplos históricos e famosos: Hitler e Gandhi, propósitos semelhantes (visavam bem
coletivo dos seus povos), mas antagônicos e com atitudes diferentes, mas ambos grandes
influenciadores, utilizando métodos de influência que resultavam em grande poder e controle.

Persio Vicente.

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