domingo, 11 de julho de 2010

Será mesmo que você é substituível?




Na sala de reunião de uma multinacional o diretor nervoso fala com sua equipe de gestores.
Agita as mãos, mostram gráficos e, olhando nos olhos de cada um, ameaça: "ninguém é insubstituível".
A frase parece ecoar nas paredes da sala de reunião em meio ao silêncio.
Os gestores se entreolham, alguns abaixam a cabeça. Ninguém ousa falar nada. De repente um braço se levanta e o diretor se prepara para triturar o atrevido:
- Alguma pergunta?
- Tenho sim.
-E Beethoven?
- Como? - encara o gestor confuso.
- O senhor disse que ninguém é insubstituível e quem substituiu Beethoven?
Silêncio.
O funcionário fala então:
- Ouvi essa historia esses dias contados por um profissional que conheço e achei muito pertinente falar sobre isso.
Afinal as empresas falam em descobrir talentos, reter talentos, mas, no fundo, continuam achando que os profissionais são peças dentro da "máquina" (organização) e que, quando sai um, é só encontrar outro para pôr no lugar.
Quem substituiu Beethoven? Tom Jobim? Ayrton Senna? Ghandi? Frank Sinatra? Garrincha? Santos Dumont? Monteiro Lobato? Elvis Presley? Os Beatles? Jorge Amado? Pelé? Paul Newman? Tiger Woods? Albert Einstein? Picasso? Zico? Etc.
Todos esses talentos marcaram a história fazendo o que gostam e o que sabem fazer bem, ou seja, fizeram seu talento brilhar. E, portanto, são sim insubstituíveis.
Cada ser humano tem sua contribuição a dar e seu talento direcionado para alguma coisa.
Está na hora de os líderes das organizações reverem seus conceitos e começarem a pensar em como desenvolver o talento da sua equipe focando no brilho de seus pontos fortes e não utilizando energia em repararem seus 'erros/ deficiências'.
Ninguém lembra e nem quer saber se Beethoven era surdo, se Picasso era instável, Caymmi preguiçoso, Kennedy egocêntrico, Elvis paranóico.
O que queremos é sentir o prazer produzido pelas sinfonias, obras de arte, discursos memoráveis e melodias inesquecíveis, resultado de seus talentos.
Cabe aos líderes de uma organização mudar o olhar sobre a equipe e voltar seus esforços em descobrir os pontos fortes de cada membro.
Fazer brilhar o talento de cada um em prol do sucesso de seu projeto.
Se o gerente/coordenador, ainda está focado em 'melhorar as fraquezas' de sua equipe, corre o risco de ser aquele tipo de líder/ técnico que barraria Garrincha por ter as pernas tortas, Albert Einstein por ter notas baixas na escola, Beethoven por ser surdo. E, na gestão dele, o mundo teria perdido todos esses talentos.
Seguindo esse raciocínio, caso pudessem mudar o curso natural, os rios seriam retos, não haveria montanhas, nem lagoas nem cavernas, nem homens nem mulheres, nem sexo, nem chefes nem subordinados. . . Apenas peças.
Nunca me esqueço de quando o Zacarias dos Trapalhões 'foi pra outras moradas'. Ao iniciar o programa seguinte, o Dedé entrou em cena e falou mais ou menos assim: "Estamos todos muito tristes com a 'partida' de nosso irmão Zacarias, e hoje, para substituí-lo, chamamos:. Ninguém. pois nosso Zaca é insubstituível".
Portanto, nunca esqueça: Você é um talento único. Com toda certeza ninguém substituirá você!
Sou um só, mas, ainda assim, sou um. Não posso fazer tudo, mas posso fazer alguma coisa. Por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que posso.
No mundo sempre existirão pessoas que vão amar você pelo que você é e outras que vão odiá-lo pelo mesmo motivo. Acostume-se a isso e viva sempre com muita paz de espírito.
Desconheço o autor (infelizmente)

7 comentários:

  1. Acredito que devemos separar claramente talento de genialidade. Temos neste texto o exemplo de gênios em suas artes que certamente são insubstituíveis por serem pessoas destacadas da maioria comum. Quando falamos de talento, sim, entendo que há possibilidade de substituição dado que, se não gênio, são simplesmente pessoas que fazem com excelência suas atribuições e podem, certamente, ser substituídos por outras tantas pessoas que possuem competências e conhecimentos similares.

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  2. Oi Dudinha, obrigada pelo post.
    Concordo com você, mas gostaria de lembrá-la que a maioria que citei, só foram reconhecidos como gênios após sua morte!!!
    De qualquer forma obrigada por acessar o blog, e principalmente por manifestar sua opinião.
    Seja bem vinda!!!
    Se quiser dar risada, tenho outro blog...
    www.coisasaleatoriasdaminhacabeca.blogspot.com
    Ana Vicente

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  3. Aninha, infelizmente a nova lógica da organização do trabalho traz a idéia da descartabilidade, talvez a pergunta seja como destacar-se nesse sistema cruel?
    Postado por Patrícia Rodrigues Correia

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  4. Encontrei um texto bem interessante sobre o tema...e, me desculpem os tecnocratas, mas o ser humano é sim insubstituível....Maria Fernanda Pastorello


    Alguém é substituível?
    Publicação: 23 June 07 07:00 AM
    Um dia, numa entrevista à RTP, o então ministro Joaquim Ferreira do Amaral deu uma resposta que o jornalista não se coibiu de comentar:
    – Mas isso é um lugar-comum!
    Ao que o ministro contrapôs:
    – Pois é. E onde está o mal? Os lugares-comuns se calhar são lugares-comuns precisamente por serem verdadeiros...
    Naquela circunstância, achei a resposta lapidar. O problema é que o ministro não tinha razão. Há imensos lugares-comuns que não são verdadeiros. Talvez mesmo a maior parte dos lugares-comuns.
    Nos tempos que correm, é usual ouvir dizer que «não há pessoas insubstituíveis».
    Há mesmo quem diga, com evidente mau gosto, que «os cemitérios estão cheios de insubstituíveis».
    Ora, sendo um lugar-comum, isto é uma perfeita patetice.
    A verdade é exactamente a oposta: ninguém é substituível.

    E ninguém é substituível pela simplicíssima razão de que não há dois seres humanos iguais – e, não havendo dois seres iguais, não há duas pessoas que desempenhem a mesma função ou executem a mesma tarefa da mesma forma. Cada ser humano é único.
    Quando se substitui alguém, o substituto poderá fazer melhor ou pior – mas nunca fará igual.
    Está hoje muito generalizada, sobretudo entre os tecnocratas, a ilusão de que as estruturas substituem as pessoas. Acredita-se que uma boa organização pode funcionar quase sozinha – independentemente das pessoas que ocupem as diferentes posições.
    Ora estas ideias não resistem à prova da realidade.

    Isto revela uma verdade que os tecnocratas gostam de camuflar porque, tal como os comunistas, negam o talento. E porquê? Porque, compreensivelmente, querem que as organizações funcionem independentemente das pessoas. Querem poder tirar uma pessoa e pôr outra no seu lugar sem que a organização se ressinta. Para os tecnocratas, existe organização, organização, organização: as pessoas são peças que se devem poder pôr e tirar de acordo com decisões superiores.
    Até porque a organização pode comprar-se, vem nos manuais, é possível implementar (termo horrível) contratando os serviços de empresas de consultadoria, mas o talento é mais difícil de adquirir. Assim, os tecnocratas não querem ficar reféns dele – e visam substituí-lo pela organização, pelos estudos ‘científicos’, por tudo aquilo que é possível comprar no mercado.

    Os exemplos poderiam multiplicar-se, mas não vale a pena: a ideia ficou clara – todos os seres humanos, sejam eles brilhantes, sejam poderosos ou sejam humildes, são únicos.
    Nunca encontrei duas pessoas, em qualquer nível de responsabilidade, que exercessem o mesmo lugar da mesma forma, desempenhassem a mesma função de igual modo, executassem a mesma tarefa de idêntica maneira.

    A ideia de que não há pessoas insubstituíveis constitui, pois, um insulto à natureza humana.
    Marx e os tecnocratas sonharam com uma sociedade em que o ser humano se apagasse e as diferenças entre os homens desaparecessem. Mas a espécie humana teima em demonstrar o contrário. Não há, não houve nem haverá duas pessoas iguais.

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  5. Fiquei emocionada com seu comntário ao meu post!
    Obrigada.

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  6. Oi Ana, muito legal o post inclusive eu iria colocar uma reportagem muito parecida que encontrei no nosso blog http://fgvgc.blogspot.com/ sobre um assunto parecido, mas para ser sincero não sei se é bom ser insubstituivel, se você é insubstituivel a ponto de não poder sair do cargo , tambem não pode ser substituido para uma possivel promoção.
    Na verdade acho que todos somos insubstituiveis como pessoa, somos unicos, mas não podemos ser profissionalmente.

    Abraços

    Anderson Ferreira.

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  7. Obrigada pelos comentários. Anderson, adorei o comentário!!! Pura verdade...

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