segunda-feira, 19 de julho de 2010

Apagão de Capital Intelectual- A Saga da Empregada Doméstica


Ainda sobre empregada doméstica, comentei outro dia a falta que me faz a serviçal insolente...
Fiquei três meses sem empregada... de tanto reclamar consegui uma, que de cara sabia que não daria certo, e num ato de desespero, contratei.
Feia que era o cão, a senhora parecia o Shrek com cabelo e de bigode... tinha cara de besta ( só a cara, porque cobrou bem caro!), já na entrevista foi logo perguntando quando receberia aumento.
Mesmo assim, desesperada contratei!
Foram quatro sessões de faxina. Combinamos a entrada às oito da manhã. No primeiro dia chegou às seis e meia... quis matá-la. No outro as dez, e quando deu de cara comigo, disse que foi pra não me acordar. Ao invés de descer o varal (varal de apartamento) puxou e arrancou da parede, e foi embora deixando as roupas caídas pra ver o jogo da seleção...tanta sujeira e burrice, levaram na a esconder roupas no forno pra não ter que passá-las. Que sabedoria! Chorei de raiva.
Louça guardada suja, preguiça estampada na cara, o bigode cada dia maior, minha vontade de dar na cara dela também...mandei embora!!! As quatro visitas foram suficientes pra ela tirar do lugar o pouco que ainda estava arrumado.
Prejuízo em quatro visitas: duas, camisas furadas, cinco litros de sabão, um terno queimado, uma camisa queimada, um perfume quebrado...e muito arrependimento.
Estava no trabalho aos lamentos por causa da empregada, do MBA, da meta da raiz do cabelo e da minha unha que vivia descascada por causa da vida doméstica, dentre outros detalhes, quando a Nice da minha equipe, por piedade indicou a diarista dela.
Avisou:
“-Ela limpa bem, mas é intrometida e fuxiqueira!”
Isso foi na sexta, liguei, fiz entrevista no sábado e na segunda ela começou. De fato intrometida!
A dona é tão tratada que parece que é a patroa, acho que vai gostar mais dos meus cremes do que eu... por isso no domingo chamei um chaveiro, coloquei uma chave numa porta do guarda-roupas e tranquei tudo que pudesse me fazer brigar com ela. Cremes, perfumes importados, maquiagem, bijuterias... coisas que elas adoram!!! Passei o final de semana arrumando armários. Fiz um balanço e cheguei à conclusão que preciso delas, então preciso minimizar as possibilidades de stress.
Falante e indiscreta como só, a moça no primeiro dia mostrou pra que veio, e deixou minha casa um brinco!!! Acho que nunca tinha visto minha casa tão limpa!
Mudou tudo de lugar, claro que não encontro mais nada, mas ainda assim estou feliz!
A boa da semana, é que foi aniversário da Gisele que trabalha comigo, comprei um gloss da Victoria Secrets e embrulhei em uma caixinha de bolinhas preto e branco. A embalagem era mais linda do que o presente.
Cabeça oca que sou, peguei a bolsa, o presente estava ao lado, e eu esqueci.
Ah! Ela estava em casa.
No dia seguinte, revirei a casa e não achava a caixinha.
Liguei pra secretária do lar, já que ela só vem duas vezes por semana e eu não queria esperar.
“- Oi. Tudo bem? Esqueci uma caixinha de bolinhas no sofá...”
Antes que eu terminasse de falar, ela:
“- Àquela que tem um batom da Victoria Secret dentro?”
Eu:
“-Como você sabe que tem um batom dentro?”
Ela gaguejou e respondeu:
“- Pensei que fosse lixo...tava jogada em cima do sofá!!!”
Eu:
“- Parecia lixo?!”
Ela:
“- Não consegui fechar a caixinha então guardei bem no fundo da sua gaveta. Tenho que desligar.”
Desligando sem que eu pudesse dizer nada... vontade esganar e encher a cara dela de hawaianadas... muitas!!!
E vou fazer o quê? Pelo menos esta limpa...



Casos como este me lembram as primeiras aulas do MBA, onde o professor Brandão, dizia que nos próximos cinco anos teríamos um “Apagão de Mão de Obra Capacitada”, ou ainda "Apagão de Capital Intelectual"e que acreditava na inteligência e no conhecimento como vantagens competitivas sustentáveis. Deu como o exemplo o caso de uma grife chamada Marissol ( àquela que fazia propaganda no programa dos Trapalhões) que faliu por falta de costureiras. Mão de obra imprescindível para o segmento, desvalorizada, mal remunerada e negligenciada por anos. A empresa automatizou todos os processos possíveis, mas não conseguiu continuar por falta de costureiras.
Semana passada, vi uma matéria sobre costureiras, com conteúdo similar no Jornal Hoje na Rede Globo, e resolvi postar o assunto.Baseada em fatos reais ( REAIS!!!) a história da empregada doméstica faz analogia de forma bem humorada à uma conseqüência de ausência de GC.


Tenho um blog pessoal com mais histórias sobre o assunto: www.coisasaleatoriasdaminhacabeca.blogspot.com

3 comentários:

  1. Nooosssaaa....Como elas são iguais!!!! A daqui de casa era a mesma coisa. Falava de tudo e de todos, eu conhecia a vida de todos os vizinhos sem saber quem eles eram. Um dia pedi pra ela limpar a geladeira, isso na segunda feira, mas no domingo eu tinha feito uma linda "feira" como dizemos no interior, muitas verduras e legumes, acho que ela nunca tinha visto tanto verde aqui em casa. Cheguei louca pra comer um lanchinho saudável a noite, e pra minha surpresa ela limpou literalmente a geladeira. Não tinha nadinha. Levou minha malinha que eu amava, uma blusa linda, e uma legging. Liguei pra perguntar e ela disse, que não podia falar. Nunca mais a vi. Arrumamos outra no desespero, e esta pra minha surpresa disse, eu só uso o produto tal, e tal. Ah!! E, não ligo a máquina de lavar, não sei ler...
    Ódiuuuuuu... Resultado, quebrei 2 unhas, e não achei até agora o carregador de celular!!!!

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  2. Hahahahahahahahahah Que lama!!!

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  3. Gentem....incrivel, elas só mudam o endereço, pq geralmente os nomes são todos estranhos e mto parecidos.
    Tive o mesmo problema dia desses, depois de três anos com uma ótima empregada, arrumei uma que me deixou quase sem nada(leia a história em http://enfermariainsana.blogspot.com). Não importa em qual nivel, mas é necessário cuidar para que bons profissionais nunca faltem.
    comentado por: Cristina Zafred Zanaga

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