segunda-feira, 12 de julho de 2010

O desafio de (re)conhecer o óbvio


É muito interessante observarmos o que ocorre atualmente em muitas grandes empresas no que diz respeito à gestão de pessoas e o capital intelectual a elas relacionado... sob o discurso de desenvolver a gestão de conhecimento e o mapeamento de competências, tem-se a implantação de diversas ferramentas que buscam tornar mais explícitas várias das características do grupo gerido.
Com isso, temos uma inundação de instrumentos de assessment, de desenvolvimento de fluxogramas, de mapeamento de redes sociais, etc. Em decorrência, há uma quantidade de informações cada vez maior trazendo consigo a dificuldade de interpretá-las. Mas, mais difícil que interpretar o conteúdo resultante das inúmeras pesquisas, é reconhecer que muito da necessidade por essas ferramentas vem de uma gestão inadequada das pessoas.
Com a desculpa do crescimento e do ritmo necessário para a obtenção dos resultados, perdeu-se, ao longo do tempo, o contato "one-on-one" que permitia per se a identificação de talentos, o mapeamento de expectativas e frustrações, o planejamento individual e mesmo a tangibilização do capital intelectual existente. Deixou-se de valorizar gestores de pessoas para valorizar gestores de entregas puras, tendo o desenvolvimento de processos predominado sobre o crescimento das pessoas.
Claro que toda generalização é perigosa, mas processos bons na mão de pessoas ruins são fadados ao fracasso enquanto processos ruins assumidos por pessoas boas ainda tem chance de sucesso, suplantadas as dificuldades pelo engajamento, pela criatividade, pela vontade de "fazer acontecer".
Talvez seja o momento de refletirmos sobre o ponto de equilíbrio, tentando fazer com que o pêndulo se ajuste em um ponto que permita a implantação de fluxos e processos, como base para o crescimento futuro, mas fundamentado no capital humano existente e mais que tudo, conhecido!
Postado por Rogério Souza

4 comentários:

  1. A dificuldade em ver o obvio tem exemplo clássico na política de low cost, onde os salários para contratação são reduzidos, e ´com isso o do profissional também.
    A empresa passa a ter a falsa impressão que este profissional recém contratado poderá sustituir os antigos profissionais de sucesso com anos de casa...grande erro!!!
    Postado por Ana Vicente

    ResponderExcluir
  2. Concordo plenamente que precisamos valorizar as pessoas, que são a fonte do conhecimento e por mais que tenhamos ferramentas tecnológicas, a gestão do conhecimento só é possível através da interação das equipes de trabalho.
    Postado por Patrícia Rodrigues Correia

    ResponderExcluir
  3. Gerenciar pessoas e conhecimento não é tarefa facil e muitos gestores acreditam que sistemas por si só são capazes de gerar resultados, se esquecem de que não adiante alto investimento em máquinas, se quem controla não estiver motivado e reconhecido.

    Cristina Zafred

    ResponderExcluir
  4. Rogerio, gostei do seu texto! De nada adianta tantas ferramentas e recursos (que às vezes até atrapalham), sem um gestor habilidoso, com boa percepção e capaz de estabelecer uma relação de confiança com a equipe.

    ResponderExcluir