quarta-feira, 7 de julho de 2010

Invictus: Liderança, Influência, Motivação e Engajamento.








Sobre Nelson Mandela


Na autobiografia "Longo caminho para a liberdade", nos anos 1990, o líder sul-africano Nelson Mandela foi questionado sobre quem gostaria de ver fazendo o seu papel no cinema. A resposta foi rápida: "Morgan Freeman". Quase 20 anos depois, esse desejo foi atendido.

Invictus - O Filme.

É um misto da autobiografia do líder político com o livro "Playing the Enemy", de John Carlin, que focaliza um momento particular na conciliação da África do Sul pós-apartheid: a realização da Copa Mundial de Rugby, que o país venceu, contra todos os prognósticos. A vitória serviu como elemento de união nacional.

Resumindo a história

Após 27 anos de prisão, em fevereiro de 1990, Mandela recupera sua liberdade. Quatro anos depois, é eleito o primeiro presidente negro da história de um país onde, por décadas, a maioria negra não tinha quaisquer direitos políticos, sociais e econômicos.
O país está tenso e dividido. De um lado os negros e a ânsia de ocupar seu espaço e, em alguns casos, em busca da vingança. Do outro, os brancos, elite econômica e cultural da nação, com aversão ao novo governo.
Como líder, Mandela sabe que antes de satisfazer aos dois lados terá que conquistá-los. E enxerga como oportunidade única a Copa Mundial de Rugby. Esporte branco por excelência, o Rugby é desprezado pela maioria negra, que torce ostensivamente por todo e qualquer adversário do time nacional nas competições. Para piorar, a seleção não entrega resultado e tem no time apenas um jogador negro.
Assim, convida para um chá da tarde na casa presidencial o capitão do time de Rugby, François Pienaar. O presidente serve o chá para o capitão e conversa com ele estimulando seu pensamento. O capitão sai do encontro intrigado, e chega à conclusão de que Mandela quer que o Time ganhe o campeonato. Tarefa que, neste momento, parece simplesmente impossível.
A atitude do presidente confunde não só Pienaar, prestigiado membro da elite branca, como seus próprios colaboradores negros. Nenhum dos lados entende a intenção deste esforço. Considerando fútil e desnecessária a dedicação do presidente ao esporte, enquanto o país sobrevive de forma precária.
Ainda que o Rugby e a política sul-africana sejam assuntos desconhecidos, durante os jogos, o filme enfatiza o seu aspecto de disputa de vida ou morte, detalhe com o qual qualquer fã de esporte coletivo identifica à primeira vista. Assim, não é preciso entender as regras do Rugby, muito menos gostar do esporte, para acompanhar a história e envolver-se com a enorme batalha protagonizada por Mandela, fora do campo, e Pienaar, dentro dele.
Ao explorar as tensões de um país desigual e dividido social, cultural e racialmente, colocando em primeiro plano o esforço de um líder conciliador e visionário, "Invictus" cria paralelos com diversas outras situações e países, em vários momentos da história.

Análise

Faço analogia a um pensamento de Freud na postura de Mandela durante o chá com o capitão, estimulando pensamentos e perturbando conceitos. Exerceu o papel do líder integral, conduzindo Piennar a se dedicar e ter entusiasmo no cumprimento do objetivo, mantendo foco para que o futuro anunciado acontecesse. A vitória da copa de Rugby é a representação do coletivo.

Ofereceu uma causa – Unir o país através do esporte.
Formou outro líder – Piennar, o capitão do time.
Liderou 360 graus – Tendo como objetivo o coletivo.
Fez acontecer – Criou oportunidades para entrosar o time com a nação. Um time de maioria branca, num país pós Apartheid, que foi inicialmente obrigado a ensinar Rugby para a periferia. A idéia que inicialmente parecia insana, fez com que os jogadores se tornassem populares. Aumentou a torcida, engajou o time e a população e com isso a liderança na copa passou a ser um objetivo comum.
Inspirou pelos valores – Inspirou o líder por sua humildade ao servir o chá. Em outro momento ao ser questionado pelo capitão sobre sua verdadeira intenção, ele disse que era unir o país, e não priorizar os negros. Questionado por toda violência política que havia sofrido pelos brancos, responde que isto é passado na história da África do Sul.

Mandela influenciou o capitão e o time através do consenso e da confiança por identificação. Em uma semifinal foi assistir o jogo com camisa e boné do time. Decorou o nome de todos os jogadores, tendo como objetivo chamá-los pelo nome num possível encontro. Tornando-se próximo e fazendo-os sentir importantes. Desceu ao centro do estádio, mesmo sofrendo risco de atentados ao seu governo, cumprimentou cada jogador pelo nome, acenou para o público, e voltou ao seu lugar. Mostrando seu apoio incondicional ao time.
Em outra oportunidade, questionado em como conseguiu passar 27 anos preso em uma cela minúscula, disse que sua força e inspiração vinham de poemas. Esta atitude fez com que o capitão fosse até a prisão onde Mandela esteve e visitasse sua cela, refletindo sobre os possíveis sentimentos, aumentando ainda mais a admiração do capitão pelo líder. Na final do campeonato, o Presidente entregou o poema “Invictus” ao capitão, e ele foi lido ao time antes do jogo.

A motivação do time foi interna, o engajamento coletivo. A forma de pensar do time e da nação foi alterada por uma soma de atitudes que fizeram a diferença, tendo como conseqüência o primeiro lugar na Copa Mundial de Rugby, e num primeiro momento a união e aceitação de uma nação.


O poema - Invictus


Do fundo desta noite que persiste

A me envolver em breu - eterno e espesso,

A qualquer deus - se algum acaso existe,

Por mi’alma insubjugável agradeço.
Nas garras do destino e seus estragos,

Sob os golpes que o acaso atira e acerta,

Nunca me lamentei - e ainda trago

Minha cabeça - embora em sangue - ereta.
Além deste oceano de lamúria,

Somente o Horror das trevas se divisa;

Porém o tempo, a consumir-se em fúria,

Não me amedronta, nem me martiriza.
Por ser estreita a senda - eu não declino,

Nem por pesada a mão que o mundo espalma;

Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.”


Wiliam Ernet Henley
Postado por Ana Vicente

2 comentários:

  1. Talvez em alguma fase de nossas vidas ou em algum lugar que vamos passar, seremos privilegiados de conhecer ou ter lideres como Mandela, que mostra aos seus o potencial de cada um e que trabalha em prol do sucesso de todos.
    Comentado por: Cristina Zafred

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  2. Mandela é um exemplo de líder, um exemplo de vida!
    Todos que almejam ser líderes devem conhecer e espelhar-se na história dele.
    Comentado por Patrícia Rodrigues Correia

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